Fibromialgia: uma dor que não passa!

fibromialgia

Dor nos ombros, nos braços, nas costas, nas pernas, na cabeça, nos pés. Quem tem fibromialgia conhece bem o corpo, pois todo ele reclama… Antigamente, as pessoas que apresentavam este quadro clínico sofriam duplamente, pois a doença demorou a ser reconhecida como um mal físico. “A fibromialgia já foi confundida com depressão e estresse. Por falta de informação — e diagnóstico —, os pacientes ainda tinham que sofrer na alma o transtorno que a dor já impingia ao corpo”, explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares. A fibromialgia é classificada como uma síndrome porque se caracteriza por um conjunto de sintomas. “O que está presente em todos os quadros é a dor difusa pelo corpo inteiro, presente na maior parte do dia”, diz Sérgio Lanzotti. Em geral, a dor vem acompanhada de algumas outras manifestações como formigamento, irritabilidade, enxaqueca, cólon irritável, pernas inquietas e distúrbios do sono. “Os pacientes que apresentam fibromialgia geralmente dormem mal, têm sono leve, entrecortado, não reparador. Ao despertar, a pessoa fica com a sensação que não descansou”, explica o especialista em Reumatologia. É comum ainda que os fibromiálgicos apresentem alterações de humor, com quadros de depressão ou de ansiedade. De acordo com pesquisas, 25% dos portadores apresentam sintomas de depressão junto com dores difusas, enquanto 50% relatam aos médicos que já tiveram crises depressivas, antes de surgir o quadro doloroso. Com o avanço dos estudos e pesquisas sobre a doença, as evidências comprovam que a fibromialgia é uma doença física, sim. Não se trata de uma síndrome invisível. Há trabalhos científicos mostrando que o portador apresenta alterações na anatomia cerebral. Um desses estudos foi apresentado no final de 2008, na França. Graças a um exame por imagem chamado Spect – tomografia computadorizada por emissão de fóton -, os médicos do Centro Hospitalar Universitário de La Timone, em Marselha, constataram que no cérebro de 20 mulheres com esse tipo de hipersensibilidade havia um fluxo maior de sangue em regiões que identificam a dor. Paralelamente, notaram uma queda de circulação na área destinada a controlar os estímulos dolorosos. Nas dez voluntárias saudáveis que participaram da pesquisa, nenhuma alteração foi detectada. Este trabalho soma-se a outros dados consagrados sobre a presença do distúrbio, como o aumento dos níveis de substância P, o neurotransmissor que dispara o alarme dolorido e a menor disponibilidade de serotonina, molécula que avisa ao sistema nervoso que a causa da dor já passou. Confirmada que a fibromialgia está longe de ser uma doença psíquica, a pergunta que ainda não foi respondida é por que a doença surge. “Quando soubermos a sua origem, conseguiremos acabar com a causa e encontrar a cura”, diz o médico. Por enquanto, o que se conhece são os gatilhos do terrível incômodo — fatores que desencadeiam a crise, como o estresse pós-traumático —, além dos meios de minimizar o quadro e devolver qualidade de vida aos pacientes. Para diagnosticar a doença Para diagnosticar adequadamente a fibromialgia é preciso estar atento aos seus vários sintomas. “O diagnóstico da doença é clínico, pois os exames complementares, na maioria das vezes, são absolutamente normais. É preciso basear-se na presença do quadro característico de dor e no reconhecimento de pontos pré-definidos que sejam dolorosos à pressão dos dedos do especialista”, explica Sérgio Lanzotti. Para estabelecer o diagnóstico definitivo é preciso conhecer em detalhes a história do paciente, escutar suas queixas e procurar fatores emocionais ou quadros de depressão ou ansiedade. “Embora não sejam as causas diretas, as condições emocionais estão intimamente ligadas à enfermidade”, destaca o médico. Tratamento melhora a qualidade de vida Não existe uma terapêutica única para livrar o paciente de uma vez por todas das dores no corpo, problemas de sono, irritabilidade ou depressão associados. Mas a intensidade dolorosa poderá diminuir. Com a evolução do tratamento, a qualidade de vida pode melhorar. “O tratamento da fibromialgia precisa ser individualizado. Se houver alguma doença associada, ela deverá ser tratada para eliminar mais essa causa de sofrimento. E assim se procede com cada uma das doenças associadas. Procuramos equilibrar este paciente, sugerindo alterações no seu estilo de vida. Por exemplo, aconselhamos o paciente a não ficar parado. Atividades físicas aeróbicas e de baixo impacto, como uma caminhada; e/ou um trabalho de musculação bem dosado são benéficos, pois aumentam os níveis de endorfinas, melhoram o bem-estar e ajudam no relaxamento”, informa Lanzotti. O médico destaca que, em alguns casos, juntamente com os exercícios, é necessário empregar medicamentos para manter a dor sob controle. “São prescritos medicamentos que atuam sobre os níveis de serotonina, melhorando o processo de inibição da dor e as mudanças de humor”, explica. Os medicamentos utilizados no tratamento da fibromialgia abrangem desde analgésicos até anti-convulsivantes estabilizadores do Sistema Nervoso Central. “Dentre os tratamentos que estão sendo pesquisados para alívio das dores, destacamos a estimulação magnética transcraniana, que consiste na aplicação diária de ondas elétricas em um local específico do crânio. O tratamento ainda é experimental, encontra-se em avaliação, tanto no Brasil, como em centros especializados do mundo, como o Centro de Neurociência da Universidade de Harvard, Boston, nos Estados Unidos”, informa Lanzotti. Já as drogas como os opioides, com exceção do tramadol, não são muito eficazes no tratamento de pessoas fibromiálgicas. “O consenso é que no rol de cuidados não podem faltar remédios, atividade física aeróbica e uma boa alimentação. Um exemplo: caminhar de três a quatro vezes por semana, durante 30 minutos, libera substâncias prazerosas como as endorfinas e relaxa a musculatura. Alguns portadores de fibromialgia que seguem esse receituário chegam até a dispensar a medicação”, diz o reumatologista. Por fim, Sérgio Lanzotti destaca que durante o tratamento, é preciso “ensinar ao paciente algumas artimanhas para evitar os fatores estressantes, que são gatilhos para a dor. Técnicas de respiração e de relaxamento podem ser caminhos para o alívio do sofrimento também”, defende. FONTE: AS MAIS MAIS

Doença autoimune: informações importantes

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Viver com uma doença crônica pode ser bastante difícil, viver com uma doença autoimune pode ser ainda mais desafiador para o paciente. “Ainda altamente incompreendidas pelos profissionais de saúde e pelos pacientes, as doenças autoimunes são caracterizadas por sintomas nebulosos que podem dificultar o diagnóstico preciso. Os tratamentos variam, e, em alguns casos, exigem mudanças de hábitos e de comportamento”, afirma o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Em um esforço para tornar a vida do portador de uma doença autoimune um pouco mais fácil, o médico lista, a seguir, sete importantes alertas sobre essas condições de saúde: 1. Doenças autoimunes provocam uma “guerra interna” no organismo do paciente. Todos nós temos um sistema imunológico, formado por células e órgãos que combatem os germes e “outros invasores”. “Em uma pessoa saudável, o corpo imediatamente entende a diferença entre as suas próprias células e as células estranhas, contra as quais é preciso lutar. Em pessoas com uma doença autoimune, o sistema imunitário falha e faz com que as células normais sejam atacadas. O resultado é um ataque equivocado ao próprio corpo, o que pode afetar qualquer órgão e função do corpo”, explica Lanzotti. 2. Existem mais de 80 tipos de doenças autoimunes. Dentre as mais conhecidas estão: artrite reumatoide, lúpus, doença celíaca, doença de Crohn, endometriose, síndrome de Guillain-Barre, narcolepsia e psoríase. 3. As doenças autoimunes são relativamente comuns. As estimativas americanas apontam que mais de 23 milhões de americanos são afetados por uma doença autoimune. Isso é aproximadamente o mesmo contingente de pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2. Mas a Associação Americana de Doenças Autoimunes (AARDA) estima que o número possa estar mais perto de 50 milhões de americanos. “Doenças autoimunes específicas, por outro lado, podem ser extremamente raras. Por exemplo, os tipos de vasculite, doença autoimune, podem afetar apenas 200.000 pessoas nos EUA, hoje”, diz o diretor do Iredo. 4. Elas podem ser genéticas. Há evidências que sugerem que os membros de uma mesma família são mais propensos a desenvolver as mesmas (ou similares) doenças autoimunes. “Mas somente os genes não explicam o quadro complexo dessas doenças. É provável que os fatores ambientais e mesmo as infecções desempenhem um papel no desencadeamento de uma doença autoimune numa pessoa com uma predisposição genética”, explica o reumatologista. 5. Doenças autoimunes não são alergias. Os sintomas de doenças autoimunes são, por vezes, confundidos com reações alérgicas. E, embora haja alguma evidência que liga uma predisposição genética para ambas as condições: alergias e doenças autoimunes, sugerindo ainda que as alergias podem provocar doenças autoimunes, as duas são condições totalmente diferentes. “A doença celíaca é um claro exemplo: uma pessoa com alergia ao trigo e uma pessoa com doença celíaca seriam tratadas de forma semelhante. Ambas irão remover o glúten de suas dietas. Mas, o corpo de uma pessoa com alergia ao trigo não está atacando o próprio organismo. Essa pessoa não apresenta risco de dano intestinal, deficiências nutricionais e outros riscos associados à doença celíaca, como alguns tipos de cânceres gastrointestinais”, diz o diretor do Iredo. 6. Pode-se levar anos de tentativa e erro para se chegar ao diagnóstico. Como muitas doenças autoimunes afetam vários órgãos, os sintomas podem ir e vir. Assim, essas condições podem ser de difícil diagnóstico, mesmo para especialistas em reconhecê-las e tratá-las. “Na maioria dos casos, não há um único teste ou exame que o médico possa solicitar para confirmar um diagnóstico. É preciso realizar vários exames, sugerir um diagnóstico e excluir outros. Não é incomum para alguém com uma doença autoimune receber outro diagnóstico, em primeiro lugar, ou ser informado de que seus sintomas são apenas devido ao estresse”, observa Sergio Lanzotti. 7. Síndrome da fadiga crônica e fibromialgia não são doenças autoimunes.  Ambas as condições são frequentemente classificadas como tal, uma vez que partilham muitos sintomas comuns com as doenças autoimunes, mas tecnicamente essas condições não são doenças autoimunes. “Assim como as doenças autoimunes, a fibromialgia e a síndrome da fadiga crônica podem ser ainda menos compreendidas pelos médicos. No entanto, pessoas com fibromialgia e com fadiga crônica podem apresentar também doenças autoimunes associadas”, diz o reumatologista. [/et_pb_text][/et_pb_column] [/et_pb_row] [/et_pb_section]