Lúpus pode “parecer” com distúrbios neurológicos
O lúpus e outras doenças reumatológicas podem se apresentar, inicialmente, como distúrbios neurológicos, tais como dores de cabeça e convulsões, e, assim, retardar o seu diagnóstico por muitos meses, defende um artigo publicado na revista Current Neurology and Neuroscience Reports. Além disso, os tratamentos para as doenças reumáticas podem causar efeitos neurológicos adversos, alerta os pesquisadores. As doenças reumatológicas incluem desordens autoimunes e inflamatórias das articulações e dos tecidos moles, tais como lúpus, vasculite sistémica e espondilose anquilosante. “O lúpus pode causar problemas cardíacos que levam a acidentes vasculares cerebrais. Mais da metade dos pacientes com lúpus sofre com dores de cabeça, e um terço sofre com enxaquecas. Cerca de 1,5% relata a ‘dor de cabeça do lúpus’, definida como uma dor de cabeça persistente, grave e intratável que não responde aos medicamentos narcóticos. Cerca de 20% dos pacientes com lúpus apresentam convulsões e uma outra disfunção cognitiva. Cerca de 20% dos pacientes com lúpus experimentam transtornos de humor. ‘A psicose do lúpus’ pode incluir paranoia e ouvir vozes, o que pode ser confundido com a esquizofrenia”, afirma o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Pacientes com vasculites sistêmicas podem experimentar distúrbios neurológicos, como dores de cabeça, convulsões e neuropatias ópticas. “Um terço desses pacientes terá prejuízos neurológicos residuais e vai exigir um tratamento a longo prazo para suprimir seu sistema imunológico”, informa o médico. Segundo Lanzotti, “pacientes com espondilite anquilosante podem sentir dores de cabeça, no cerebelo e no tronco encefálico, além de apresentarem alterações cognitivas, convulsões e neuropatia craniana”, diz. As doenças reumáticas, assim como as síndromes neurológicas, podem representar desafios diagnósticos. Os medicamentos para pacientes com doenças reumáticas incluem drogas imunossupressoras e medicamentos anti-inflamatórios não esteroides. Novos medicamentos têm expandido as opções de tratamento. “No entanto, estes tratamentos também carregam um risco de efeitos adversos neurológicos. Portanto, a familiaridade com manifestações neurológicas nas doenças reumatológicas é fundamental para o diagnóstico e para as consequências potenciais do tratamento sobre o sistema nervoso”, avisa o reumatologista.
Gota: internações seriam evitáveis?
Um melhor atendimento clínico poderia impedir a maioria dos casos de gota que requerem hospitalização, de acordo com os resultados de pesquisas apresentadas durante o ACR 2014. “A gota é uma doença crônica que envolve inchaço, dor e vermelhidão nas articulações. A doença geralmente ataca as articulações dos tornozelos e dos pés, especialmente do dedão do pé. Ocorre quando o excesso de ácido úrico acumula-se no corpo e os cristais de urato se depositam nas articulações. Isto pode acontecer devido a um aumento na produção de ácido úrico, ou mais frequentemente, quando os rins não conseguem remover o excesso de ácido úrico do corpo”, explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Para chegar às conclusões apresentadas, os pesquisadores analisaram dados retrospectivos em 56 pacientes internados em num hospital americano com o diagnóstico primário de gota, entre 2009-2013. O objetivo era determinar quantas dessas internações seriam evitadas com melhores intervenções e manejo clínico. A prevenção de hospitalizações por gota também poderia reduzir os custos com os cuidados de saúde. Os pesquisadores definiram uma internação hospitalar como evitável quando o paciente já tinha o diagnóstico primário de poliartrite, e posteriormente era diagnosticado como gota, durante a internação, sem nenhuma outra doença concomitante durante a internação. Eles também analisaram as características demográficas, incluindo o diagnóstico clínico na admissão, história prévia de gota, possíveis fatores de risco para a gota (como diabetes, doença cardiovascular, doença renal crônica e uso de diurético, uso de aspirina em baixas doses), medicamentos para gota, níveis séricos de ácido úrico dentro de um ano antes da internação, tempo de doença reumática, procedimentos cirúrgicos realizados e custos de hospitalização. Segundo os autores do estudo, na Reumatologia, o paciente recorre muito ao atendimento de emergência, por isso surgiu a hipótese de que muitas destas internações por gota eram desnecessárias. Como o paciente busca muitas vezes a emergência, em vez de ir ao consultório do seu reumatologista, em busca do alívio imediato da dor, isso fazia a internação ser a decisão mais apropriada. “Os autores do estudo defendem que os resultados podem estimular o interesse em um esforço de todo o sistema para criar uma iniciativa de melhores cuidados em relação à gota. É preciso uma abordagem multifacetada para melhor lidar com este problema”, explica o diretor do Iredo. Das 56 internações por gota estudadas, os pesquisadores descobriram que 50 (89%) preencheram a definição do estudo de internação evitável. Os diagnósticos clínicos incluíram 76% artrite séptica, 14% poliartrite inflamatória e 8% celulite. Das 50 internações evitáveis, 33 pacientes foram submetidos à artrocentese, 24 dos quais foram realizados na emergência. Trinta e cinco (70%) dos pacientes tinham história prévia de gota, e 21 (42%) tinham três ou mais fatores de risco para a gota. Dos 35 pacientes com história prévia de gota, 74% eram acompanhados por seu médico de cuidados primários, e 26% estavam sendo acompanhados por um reumatologista. Dos 26 pacientes tratados por médicos de família, oito (31%) faziam terapia de redução de urato e cinco (19%) estavam em profilaxia de colchicina. Havia 23 pacientes cujos níveis séricos de ácido úrico foram registradas no prazo de um ano da sua hospitalização, e 18 (78%) destes pacientes não atingiram a meta de <6 mg / dL. Dos 15 pacientes em tratamento de gota, a longo prazo, 33% eram não-conformes com os seus planos de tratamento. Três pacientes no estudo foram submetidos a procedimentos ortopédicos, incluindo uma amputação do dedo do pé e dois debridamentos artroscópicos, e subsequentemente foram diagnosticados como tendo gota. “Os autores do estudo concluíram que 89% das hospitalizações com diagnóstico primário de gota eram evitáveis. Eles notaram várias lacunas importantes nos cuidados clínicos e observaram que as pessoas com gota incorrem em custos de saúde desnecessários e dispendiosos na sala de emergência, além de despesas de cuidados de admissão evitáveis”, destaca Sergio Lanzotti. [/et_pb_text][/et_pb_column] [/et_pb_row] [/et_pb_section]
Febre reumática pode causar problemas cardíacos
A febre reumática é uma doença autoimune que provoca dores nas articulações e destruição das válvulas do coração. Ela atinge principalmente crianças e adolescentes, entre 5 e 18 anos de idade. A doença dá seus primeiros sinais com o surgimento de uma infecção na garganta, causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. Se a infecção não é tratada apropriadamente, entre 1% e 5% das crianças adquirem dores nas articulações. Dessas, entre 30% e 40% vão desenvolver problemas cardíacos, no futuro. “Ainda não se sabemos exatamente porque apenas algumas pessoas desenvolvem essa complicação, mas sabemos que as que desenvolvem os problemas cardíacos já nascem com uma predisposição genética para a doença. Mas é possível também que fatores ambientais estejam envolvidos na patogenia da doença”, afirma o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Muitos sintomas… A febre reumática é uma doença que apresenta muitos sintomas: · Artrite migratória; · Sopro cardíaco, quando há comprometimento das válvulas do coração; · Cardite, inflamação no músculo do coração; · Coréia, movimentos descoordenados dos membros em conseqüência de inflamação no cérebro; · Eritema marginado, manchas avermelhadas na pele; · Nódulos subcutâneos; · Febre baixa (37,5º C); · Prostração; · Inapetência; · Falta de ar. Para ter certeza sobre o diagnóstico da doença, o reumatologista baseia-se na história da doença relatada pelos pais, nas alterações encontradas no exame físico e nos resultados de alguns exames. Este conjunto de dados – Critérios de Jones – é importantíssimo para o diagnóstico. “Exames de sangue, de cultura de material da orofaringe e a pesquisa de anticorpos para identificar a presença do Streptococcus pyogenes são úteis para confirmar o diagnóstico, com base na avaliação clínica. Na hipótese de comprometimento das válvulas do coração, eletrocardiograma, ecocardiograma e raios-x de tórax são exames recomendados também”, explica o reumatologista. Importância do tratamento apropriado “A febre reumática é um problema relevante de saúde pública, especialmente nos países pobres, nos quais se estima que a febre reumática seja responsável por cerca de 60% de todas as doenças cardiovasculares em crianças e adultos jovens”, destaca Sérgio Lanzotti. Apesar do declínio global da incidência de febre reumática experimentado na segunda metade do século XX, nas últimas duas décadas nota-se o aumento progressivo do número de casos agudos da doença, associados a formas agressivas e invasivas de infecções estreptocócicas. Todos os anos, 616 milhões de pessoas são infectadas pela bactéria e cerca de 15,6 milhões desenvolvem a doença, informa uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2005. No mesmo ano, a doença matou 283 mil crianças e adolescentes. No Brasil, o Ministério da Saúde identificou 10 milhões de infecções e 15 mil novos casos de doença cardíaca por ano. “Por isto, uma vez confirmado o diagnóstico de febre reumática é necessário que seja feita uma dose de penicilina benzatina (600.000 a 1200.000 unidades) intramuscular para erradicar o Streptococcus pyogenes do organismo. Além da prescrição do medicamento é preciso tratar a artrite, a cardite ou a coreia com os medicamentos adequados para cada situação”, explica o diretor do Iredo. Após esta primeira etapa, inicia-se a profilaxia secundária da doença, com a aplicação de penicilina benzatina a cada 21 dias, para evitar que a criança, quando em contato novamente com a bactéria, venha a apresentar uma recaída. “Para a criança que apresenta febre reumática, a falha ou a interrupção da medicação, a cada 21 dias, pode trazer consequências graves, pois se ela entrar em contato com outra criança ou adulto com infecção de orofaringe, ela não somente será reinfectada, como poderá desenvolver novamente as complicações da febre reumática, sendo a recorrência de cardite cada vez mais grave, exigindo tratamentos mais rigorosos, inclusive cirurgia cardíaca”, explica o médico. O tempo de tratamento da doença será determinado pelo reumatologista, que levará em conta se houve acometimento do coração ou não. “Nos casos em que só há artrite, a medicação poderá ser usada até 18 anos ou até 5 anos, após o diagnóstico da doença, se a criança tiver mais de 13 anos. Se tiver ocorrido cardite, a medicação deverá ser para toda a vida”, observa Lanzotti. Medidas preventivas Como não podemos saber quem tem predisposição para desenvolver as complicações da infecção de orofaringe por esta bactéria, a recomendação é que em qualquer infecção de garganta em crianças e adolescentes, o médico seja consultado para avaliar a necessidade ou não de tratamento com antibióticos. Só o médico saberá diferenciar cada situação. “Já para a criança que tem o diagnóstico de febre reumática confirmado, a única maneira de evitar complicações mais graves no coração é não deixar de tomar as injeções de penicilina nas datas certas”, alerta o reumatologista. Pesquisa no Brasil avança Os primeiros testes em humanos de uma vacina brasileira contra a bactéria precursora da febre reumática poderão ser realizados em 2011. No Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, testes com camundongos mostraram que a vacina imunizou de 80% a 100% dos animais. Para que a expectativa se concretize no ano que vem, os cientistas precisam preparar a documentação a ser submetida à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e esperar a resposta do órgão. FONTE: DOURADOS AGORA
Artrite reumatoide x exercícios físicos
Pessoas que são fisicamente ativas são mais saudáveis, mais felizes e vivem mais do que aquelas que são sedentárias. “E isso é especialmente verdade para as pessoas com artrite, apesar da doença ser apontada como a causa mais comum para a inatividade e a ausência de atividades recreativas”, diz o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Pacientes com artrite costumam evitar os exercícios físicos por uma série de razões. “Alguns pacientes evitam as atividades físicas devido ao medo da dor articular ou de ferimentos; outros evitam os exercícios pelas mesmas razões dos que não têm artrite: relutância em mudar o estilo de vida”, explica o médico. O sedentarismo, além de agravar os problemas relacionados com a artrite, pode resultar em uma série de outros riscos à saúde, incluindo o diabetes tipo II e as doenças cardiovasculares. “A diminuição da tolerância à dor, a fraqueza muscular, a rigidez articular e a falta de equilíbrio, comum a muitas formas de artrite, podem ser agravadas pela falta de exercícios físicos”, destaca Sérgio Lanzotti. nächster Para as pessoas com artrite, o exercício é parte importante do tratamento, uma vez que, juntamente com a manutenção do peso saudável, a prática pode ajudar a aliviar as dores da doença reumática. “Não é necessário treinar como um triatleta para experimentar os benefícios do exercício físico. Iniciar os exercícios lentamente, com intensidade reduzida, irá permitir que o paciente adote com mais facilidade um plano de exercícios bem-sucedido, que irá beneficiar a sua artrite e a sua saúde geral”, observa o diretor do Iredo. Benefícios para o paciente reumático Cada tipo de exercício tem um efeito positivo na redução da dor associada à artrite e às outras doenças reumáticas. Conheça alguns destes benefícios: · Mais flexibilidade: os exercícios ajudam a manter ou a melhorar a flexibilidade das articulações e dos músculos adjacentes afetados pela doença. Os benefícios incluem uma melhor postura, redução do risco de lesões e melhora da função. Exercícios de flexibilidade devem ser realizados de cinco a 10 vezes por dia, enquanto os exercícios de alongamento devem ser realizados, pelo menos, três dias por semana; · Reforço da musculatura: os exercícios de fortalecimento são projetados para trabalhar os músculos. Músculos fortes melhoram sua função e ajudam a reduzir a perda óssea relacionada à inatividade. Para as pessoas com artrite, um conjunto de exercícios para os principais grupos musculares é recomendável pelo menos 2-3 vezes por semana. “A resistência ou o peso deve desafiar os músculos, sem aumentar a dor nas articulações”, observa o reumatologista; · Melhora da capacidade aeróbica: exercícios aeróbicos incluem atividades que usam os grandes músculos do corpo de uma maneira repetitiva e rítmica. O exercício aeróbico fortalece o coração e o pulmão. Para as pessoas com artrite, este tipo de exercício agrega outros benefícios, tais como controle de peso, melhora do humor, do sono e da saúde em geral. Formas seguras de realizar exercícios aeróbicos incluem caminhada, dança aeróbica, hidroginástica, ciclismo ou exercícios em equipamentos como bicicletas ergométricas e esteiras. “As recomendações atuais para atividade aeróbica são 150 minutos de exercícios de intensidade moderada por semana, de preferência, distribuídos por vários dias na semana”, orienta Sérgio Lanzotti; · Consciência corporal: exercícios de consciência corporal abrangem atividades para melhorar a postura, o equilíbrio, o senso de posição articular, a coordenação e o relaxamento. “Tai chi e yoga são exemplos de exercícios recreativos que incorporam elementos da consciência corporal e podem ser muito úteis para pacientes artríticos”, diz o médico. FONTE: IAOL
Síndrome de Sjogren e Venus Williams
Antes do ocorrido com a famosa tenista, muitas pessoas provavelmente nunca tinham ouvido falar da Síndrome de Sjogren (SS), uma das doenças autoimunes mais prevalentes. Mas o recente anúncio, feito por Venus Williams, que ela estava sofrendo de fadiga e de outros sintomas relacionados com a doença chamou a atenção do público para uma condição preocupante. Cerca de nove mulheres são acometidas para cada homem, por este motivo, disfunções hormonais parecem fazer parte da fisiopatologia no desenvolvimento da SS, principalmente as deficiências de andrógenos, estrógeno e de progesterona. Embora a maioria das mulheres diagnosticadas costuma estar na menopausa ou com mais idade, a doença pode ocorrer também em crianças e adolescentes. Mulheres jovens com a Síndrome de Sjögren podem apresentar complicações na gravidez. “A doença geralmente começa como uma sensação de desconforto nos olhos e na boca. Os pacientes dizem que seus olhos estão secos e vermelhos, mesmo usando colírio. Muitas vezes, relatam também que a boca está muito seca e os alimentos estão se tornando insípidos. Em alguns, aparecem gânglios inchados no pescoço, fazendo com que pareça que eles têm caxumba”, informa o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, diretor do Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares. Os sintomas descritos são os principais sinais clínicos da Síndrome de Sjogren, uma doença misteriosa, causada por uma superprodução de linfócitos B, células do sistema imunológico. “Mas há também pessoas que relatam dificuldades para transpirar porque suas glândulas sudoríparas estão obstruídas e dificuldades para digerir os alimentos. Muitas mulheres declaram sentir dor durante a relação sexual, porque não produzem mais líquidos para lubrificação da vagina”, conta o médico. Quando Venus Williams afirmou que a doença a faz se sentir muito cansada, ela estava certa. Pacientes com a Síndrome de Sjogren, assim como aqueles com artrite reumatoide e lúpus, apresentam um cansaço crônico e não há maneira de aliviar essa sensação. “Algumas pesquisas neste sentido já foram feitas com pacientes com lúpus. Os estudiosos procuraram medir a quantidade de oxigênio que estes pacientes consomem quando se exercitam e descobriram que eles usam muito mais oxigênio do que pessoas saudáveis, embora ninguém consiga explicar ainda porque isto acontece”, diz o diretor do Iredo. Um tratamento difícil… A prednisona, que é um corticoide sintético, geralmente é o remédio mais empregado no tratamento. A medicação suprime o sistema imunológico e pode oferecer alívio a curto prazo ou imediato dos sintomas. “Pessoas que estão desfiguradas por glândulas inchadas no pescoço podem parecer perfeitamente normal dentro de 24 horas. A droga, no entanto, não pode ser tomada por longos períodos, porque tem efeitos colaterais graves, como osteoporose, catarata, inchaço facial, ganho de peso, perda de massa muscular, aterosclerose precoce e diabetes”, explica o reumatologista. Outra alternativa terapêutica para estes pacientes é o emprego de drogas anti-malária com quinino. “Não compreendemos completamente por que esta droga diminui os sintomas da doença. Seus efeitos foram descobertos por acidente, quando o exército tomou o medicamento para evitar a malária e alguns soldados que tinham artrite reumatoide ou lúpus notaram que os seus sintomas foram aliviados. Esta medicação também oferece riscos, ela pode danificar a retina ao longo do tempo e seus efeitos são irreversíveis: o resultado final é a perda da visão”, explica Lanzotti. Como podemos ver, a medicina ainda tateia no tratamento da doença e fica alternando drogas que suprimem o sistema imunológico. “A perspectiva de longo prazo para pacientes com a Síndrome de Sjogren não é boa. Estes pacientes apresentam maior risco de linfomas e câncer de células B. Também correm mais risco de sofrerem com doenças renais que podem destruir a função dos órgãos, levando estes pacientes à diálise. Os olhos secos e a boca seca são sintomas que tendem a piorar. Os olhos secos, depois de um tempo, não respondem mais ao uso de colírios. A boca seca pode levar à cáries e à deterioração dos tecidos da boca, o que pode tornar difícil o ato de comer”, avisa o reumatologista. Amenizando os desconfortos A Síndrome de Sjögren não representa risco iminente de vida, mas certamente provoca profundas alterações na vida do paciente. Com uma conduta terapêutica apropriada, a qualidade de vida pode ser melhorada. Como a doença não tem cura, o diagnóstico e a intervenção precoces podem afetar o curso da doença. “Devido a variedade de sintomas, após o diagnóstico, além do acompanhamento reumatológico, o paciente precisa ser acompanhado também por outros especialistas, como oftalmologistas, otorrinolaringologistas, dentistas, dentre outros. É importante para a sua qualidade de vida que o paciente seja atendido por uma equipe multidisciplinar”, diz Sérgio Bontempi Lanzotti. Veja a seguir, dicas gerais, fornecidas pelo diretor do Iredo, visando assegurar qualidade de vida aos portadores da doença: • Se você usa lágrimas artificiais mais de 4 vezes ao dia, prefira as formulações sem conservantes; • Para dormir, faça uso de pomada lubrificante de vaselina oftálmica sem conservante para aliviar a secura dos olhos por tempo mais prolongado; • Quando dormir em ambiente de ar condicionado ou ventilador, coloque a máscara sobre os olhos para protegê-los; • Beba água com frequência para manter sua boca úmida; • Mantenha uma boa higiene oral, usando fio dental e escovando os dentes regularmente; • Restrinja o uso de açúcar para evitar a decomposição rápida dos dentes; • Visite regularmente seu dentista; • Evite bebidas alcoólicas e as que contenham cafeína, pois elas aumentam a secura da boca; • Use umidificador ou vaporizador para manter um nível confortável de umidade do ar no ambiente; • Evite correntes de ar oriundas de aparelhos de ar condicionado, leques, ventiladores ou aparelho de calefação; • Caso necessite fazer uso de nebulização, não esqueça de proteger os olhos com compressas de água boricada ou com óculos de natação, evitando desta forma que o vapor resseque os olhos; • Proteja os olhos, evitando exposição ao vento e ao sol com protetores adequados; • Use loções hidratantes na sua pele e soluções salinas no nariz.
Atrite reumatoide: fatos sobre a doença
A artrite reumatoide impede a realização de exercícios físicos No passado, as pessoas com artrite reumatoide eram muito magras, pois acreditava-se que os exercícios físicos provocavam mais danos às articulações e atrofiavam ao músculos. Além disso, acreditava-se também que a inflamação crônica associada com a artrite reumatoide provocava perda de peso e perda de apetite. “Hoje, sabemos que os medicamentos antiinflamatórios e os exercícios físicos fazem parte do tratamento, portanto, ter artrite não significa ter uma aparência franzina. Realizar o exercício físico pode ser difícil (se não impossível) durante uma crise, mas de modo geral, a atividade física geralmente ajuda no tratamento e não agrava o estado dos pacientes com a doença”, explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, (CRM-SP 60.377), diretor do Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares. Fumar pode desencadear a doença Fumar é o gatilho ambiental mais bem compreendido e pode desempenhar um papel importante em um terço dos casos graves de artrite reumatoide, incluindo mais de 50% dos diagnósticos da doença entre as pessoas que são geneticamente suscetíveis a ela. “Os fumantes que têm uma variante genética conhecida como epítopo compartilhado têm um risco dez vezes maior de desenvolver artrite. Nós sabemos que fumar provoca doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer e muitas outras doenças, mas para alguns, a ligação entre o tabagismo e a artrite reumatoide é uma surpresa”, diz o reumatologista. A artrite reumatoide risco varia segundo a geografia Quanto mais longe da linha do Equador, maior é o risco de artrite reumatoide. Viver em uma latitude mais elevada no início da vida – entre 15-30 anos – parece ser mais arriscado do que em outros momentos. “Em um estudo de 2010, realizado com cerca de 10.000 mulheres, o risco da doença foi maior para aquelas que viviam no nordeste e no centro-oeste dos Estados Unidos, em comparação com mulheres que viviam a oeste das Montanhas Rochosas. Os autores destacaram que o risco de artrite aumenta nas latitudes superiores devido à falta de luz solar bem como a outros fatores ambientais”, afirma Lanzotti. A vitamina D pode estar ligada ao risco de desenvolver artrite Um estudo de 2004 acompanhou mais de 29 mil mulheres e descobriu que aquelas com a menor ingestão de vitamina D apresentavam maior risco de desenvolver artrite. “Não está provado que a vitamina desempenha um papel no aparecimento da doença. No entanto, o efeito protetor da vitamina D poderia explicar porque as pessoas que vivem em latitudes mais altas – recebendo menos luz solar e produzindo menos vitamina D, em geral – parecem estar em maior risco de desenvolver artrite reumatoide. Outras doenças autoimunes, como a esclerose múltipla, também têm sido vinculadas a déficits de vitamina D”, conta o médico. A poluição provocada pelo excesso de tráfego pode desempenhar um papel importante Partículas microscópicas geradas pela poluição podem ser inaladas profundamente pelos pulmões e podem estar relacionadas com a inflamação provocada pela artrite. “Pesquisadores de Harvard realizaram um estudo em 2009 com mais de 90 mil mulheres norte-americanas para analisar a relação entre artrite e poluição do tráfego. Eles descobriram que as mulheres que viviam muito próximas de uma grande estrada apresentavam um maior risco de desenvolver artrite reumatoide em comparação com aquelas que viviam mais longe”, conta o diretor do Iredo. A artrite está em ascensão entre as mulheres A artrite está em alta entre as mulheres americanas, pela primeira vez, em 40 anos, de acordo com um estudo de 2010 de pesquisadores da Clínica Mayo. Eles descobriram um aumento de 2,5% nas taxas de artrite reumatoide entre as mulheres, entre 1995 e 2007, enquanto as taxas entre os homens caíram durante esse período. “Não está claro o porquê, mas os pesquisadores especulam que isso pode ser devido ao tabagismo (mulheres não deixam de fumar tão rapidamente quanto os homens); pílulas anticoncepcionais com baixa de estrógeno (o hormônio poderia ser protetor), e, possivelmente, mais deficiências de vitamina D”, diz o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti. A história da artrite reumatoide é obscura Nunca foi registrado um caso de artrite reumatoide em múmias e não há nenhuma evidência de que ela existia no Velho Mundo, antes de Cristóvão Colombo descobrir a América em 1492. “Isso sugere que a doença pode ser causada por um fator ambiental, mas isso nunca foi provado”, observa o reumatologista. Depressão e artrite caminham juntas “Isso provavelmente está relacionado com a dor da artrite reumatoide e o estresse associado a viver com uma doença crônica. Além disso, níveis elevados da proteína inflamatória do fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) no sangue são associados com a depressão, por isso é possível que a inflamação que provoca a artrite reumatoide também provoque a depressão”, explica Lanzotti. A artrite favorece o aparecimento de outras doenças autoimunes “As pessoas com artrite reumatoide apresentam fatores de risco genéticos que as tornam suscetíveis a diversas doenças autoimunes. Doenças autoimunes da tireoide e síndrome de Sjögren são particularmente mais comuns em pessoas com artrite reumatoide”, afirma o médico. Gravidez afeta os sintomas da artrite reumatoide Algumas doenças autoimunes, incluindo a artrite reumatoide e o lúpus, apresentam uma melhora de seus sintomas durante a gravidez. “A artrite, muitas vezes, entra em remissão durante a gravidez. Algumas estatísticas mostram que até 75% das mulheres com artrite reumatoide vai entrar em remissão a partir do segundo mês de gravidez. A gravidez pode fazer com que o sistema imunológico hiperativo se comporte de outra maneira, além de aumentar a produção de alguns hormônios que têm efeitos protetores durante a gestação”, explica o diretor do Iredo. A artrite pode aumentar o risco de ataque cardíaco “A artrite é um fator de risco independente para ataques cardíacos, mesmo quando o nível de colesterol do paciente é normal, a pressão arterial é baixa e o paciente não tem diabetes. Se a doença está ativa, o risco de ataque cardíaco é triplicado. A inflamação sistêmica, que é uma característica da artrite reumatoide, é a provável culpada desse fato”, observa o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti. Artrite e diabetes: uma relação complicada