Febre reumática pode causar problemas cardíacos

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A febre reumática é uma doença autoimune que provoca dores nas articulações e destruição das válvulas do coração. Ela atinge principalmente crianças e adolescentes, entre 5 e 18 anos de idade. A doença dá seus primeiros sinais com o surgimento de uma infecção na garganta, causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. Se a infecção não é tratada apropriadamente, entre 1% e 5% das crianças adquirem dores nas articulações. Dessas, entre 30% e 40% vão desenvolver problemas cardíacos, no futuro. “Ainda não se sabemos exatamente porque apenas algumas pessoas desenvolvem essa complicação, mas sabemos que as que desenvolvem os problemas cardíacos já nascem com uma predisposição genética para a doença. Mas é possível também que fatores ambientais estejam envolvidos na patogenia da doença”, afirma o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Muitos sintomas… A febre reumática é uma doença que apresenta muitos sintomas: · Artrite migratória; · Sopro cardíaco, quando há comprometimento das válvulas do coração; · Cardite, inflamação no músculo do coração; · Coréia, movimentos descoordenados dos membros em conseqüência de inflamação no cérebro; · Eritema marginado, manchas avermelhadas na pele; · Nódulos subcutâneos; · Febre baixa (37,5º C); · Prostração; · Inapetência; · Falta de ar. Para ter certeza sobre o diagnóstico da doença, o reumatologista baseia-se na história da doença relatada pelos pais, nas alterações encontradas no exame físico e nos resultados de alguns exames. Este conjunto de dados – Critérios de Jones – é importantíssimo para o diagnóstico. “Exames de sangue, de cultura de material da orofaringe e a pesquisa de anticorpos para identificar a presença do Streptococcus pyogenes são úteis para confirmar o diagnóstico, com base na avaliação clínica. Na hipótese de comprometimento das válvulas do coração, eletrocardiograma, ecocardiograma e raios-x de tórax são exames recomendados também”, explica o reumatologista. Importância do tratamento apropriado “A febre reumática é um problema relevante de saúde pública, especialmente nos países pobres, nos quais se estima que a febre reumática seja responsável por cerca de 60% de todas as doenças cardiovasculares em crianças e adultos jovens”, destaca Sérgio Lanzotti. Apesar do declínio global da incidência de febre reumática experimentado na segunda metade do século XX, nas últimas duas décadas nota-se o aumento progressivo do número de casos agudos da doença, associados a formas agressivas e invasivas de infecções estreptocócicas. Todos os anos, 616 milhões de pessoas são infectadas pela bactéria e cerca de 15,6 milhões desenvolvem a doença, informa uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2005. No mesmo ano, a doença matou 283 mil crianças e adolescentes. No Brasil, o Ministério da Saúde identificou 10 milhões de infecções e 15 mil novos casos de doença cardíaca por ano. “Por isto, uma vez confirmado o diagnóstico de febre reumática é necessário que seja feita uma dose de penicilina benzatina (600.000 a 1200.000 unidades) intramuscular para erradicar o Streptococcus pyogenes do organismo. Além da prescrição do medicamento é preciso tratar a artrite, a cardite ou a coreia com os medicamentos adequados para cada situação”, explica o diretor do Iredo. Após esta primeira etapa, inicia-se a profilaxia secundária da doença, com a aplicação de penicilina benzatina a cada 21 dias, para evitar que a criança, quando em contato novamente com a bactéria, venha a apresentar uma recaída. “Para a criança que apresenta febre reumática, a falha ou a interrupção da medicação, a cada 21 dias, pode trazer consequências graves, pois se ela entrar em contato com outra criança ou adulto com infecção de orofaringe, ela não somente será reinfectada, como poderá desenvolver novamente as complicações da febre reumática, sendo a recorrência de cardite cada vez mais grave, exigindo tratamentos mais rigorosos, inclusive cirurgia cardíaca”, explica o médico. O tempo de tratamento da doença será determinado pelo reumatologista, que levará em conta se houve acometimento do coração ou não. “Nos casos em que só há artrite, a medicação poderá ser usada até 18 anos ou até 5 anos, após o diagnóstico da doença, se a criança tiver mais de 13 anos. Se tiver ocorrido cardite, a medicação deverá ser para toda a vida”, observa Lanzotti. Medidas preventivas Como não podemos saber quem tem predisposição para desenvolver as complicações da infecção de orofaringe por esta bactéria, a recomendação é que em qualquer infecção de garganta em crianças e adolescentes, o médico seja consultado para avaliar a necessidade ou não de tratamento com antibióticos. Só o médico saberá diferenciar cada situação. “Já para a criança que tem o diagnóstico de febre reumática confirmado, a única maneira de evitar complicações mais graves no coração é não deixar de tomar as injeções de penicilina nas datas certas”, alerta o reumatologista. Pesquisa no Brasil avança Os primeiros testes em humanos de uma vacina brasileira contra a bactéria precursora da febre reumática poderão ser realizados em 2011. No Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, testes com camundongos mostraram que a vacina imunizou de 80% a 100% dos animais. Para que a expectativa se concretize no ano que vem, os cientistas precisam preparar a documentação a ser submetida à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e esperar a resposta do órgão. FONTE: DOURADOS AGORA

Atrite reumatoide: fatos sobre a doença

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A artrite reumatoide impede a realização de exercícios físicos No passado, as pessoas com artrite reumatoide eram muito magras, pois acreditava-se que  os exercícios físicos provocavam  mais danos às articulações e atrofiavam ao músculos. Além disso, acreditava-se também que a inflamação crônica associada com a artrite reumatoide provocava perda de peso e perda de apetite. “Hoje, sabemos que os medicamentos antiinflamatórios e os exercícios físicos fazem parte do tratamento, portanto, ter artrite não significa ter uma aparência franzina. Realizar o exercício físico pode ser difícil (se não impossível) durante uma crise, mas de modo geral, a atividade física geralmente ajuda no tratamento e não agrava o estado dos pacientes com a doença”, explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, (CRM-SP 60.377), diretor do Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares. Fumar pode desencadear a doença Fumar é o gatilho ambiental mais bem compreendido e pode desempenhar um papel importante em um terço dos casos graves de artrite reumatoide, incluindo mais de 50% dos diagnósticos da doença entre as pessoas que são geneticamente suscetíveis a ela. “Os fumantes que têm uma variante genética conhecida como epítopo compartilhado têm um risco dez vezes maior de desenvolver artrite. Nós sabemos que fumar provoca doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer e muitas outras doenças, mas para alguns, a ligação entre o tabagismo e a artrite reumatoide é uma surpresa”, diz o reumatologista. A artrite reumatoide risco varia segundo a geografia Quanto mais longe da linha do Equador, maior é o risco de artrite reumatoide. Viver em uma latitude mais elevada no início da vida – entre 15-30 anos – parece ser mais arriscado do que em outros momentos. “Em um estudo de 2010, realizado com cerca de 10.000 mulheres, o risco da doença foi maior para aquelas que viviam no nordeste e no centro-oeste dos Estados Unidos, em comparação com mulheres que viviam a oeste das Montanhas Rochosas. Os autores destacaram que o risco de artrite aumenta nas latitudes superiores devido à falta de luz solar bem como a outros fatores ambientais”, afirma Lanzotti. A vitamina D pode estar ligada ao risco de desenvolver artrite Um estudo de 2004 acompanhou mais de 29 mil mulheres e descobriu que aquelas com a menor ingestão de vitamina D apresentavam maior risco de desenvolver artrite. “Não está provado que a vitamina desempenha um papel no aparecimento da doença. No entanto, o efeito protetor da vitamina D poderia explicar porque as pessoas que vivem em latitudes mais altas – recebendo menos luz solar e produzindo menos vitamina D, em geral – parecem estar em maior risco de desenvolver artrite reumatoide. Outras doenças autoimunes, como a esclerose múltipla, também têm sido vinculadas a déficits de vitamina D”, conta o médico. A poluição provocada pelo excesso de tráfego pode desempenhar um papel importante Partículas microscópicas geradas pela poluição podem ser inaladas profundamente pelos pulmões e podem estar relacionadas com a inflamação provocada pela artrite. “Pesquisadores de Harvard realizaram um estudo em 2009 com mais de 90 mil mulheres norte-americanas para analisar a relação entre artrite e poluição do tráfego. Eles descobriram que as mulheres que viviam muito próximas de uma grande estrada apresentavam um maior risco de desenvolver artrite reumatoide em comparação com aquelas que viviam mais longe”, conta o diretor do Iredo. A artrite  está em ascensão entre as mulheres A artrite  está em alta entre as mulheres americanas, pela primeira vez, em 40 anos, de acordo com um estudo de 2010 de pesquisadores da Clínica Mayo. Eles descobriram um aumento de 2,5% nas taxas de artrite reumatoide entre as mulheres, entre 1995 e 2007, enquanto as taxas entre os homens caíram durante esse período. “Não está claro o porquê, mas os pesquisadores especulam que isso pode ser devido ao tabagismo (mulheres não deixam de fumar tão rapidamente quanto os homens); pílulas anticoncepcionais com baixa de estrógeno (o hormônio poderia ser protetor), e, possivelmente, mais deficiências de vitamina D”, diz o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti. A história da artrite reumatoide é obscura Nunca foi registrado um caso de artrite reumatoide em múmias e não há nenhuma evidência de que ela existia no Velho Mundo, antes de Cristóvão Colombo descobrir a América em 1492. “Isso sugere que a doença pode ser causada por um fator ambiental, mas isso nunca foi provado”, observa o reumatologista. Depressão e artrite caminham juntas “Isso provavelmente está relacionado com a dor da artrite reumatoide e o estresse associado a viver com uma doença crônica. Além disso, níveis elevados da proteína inflamatória do fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) no sangue são associados com a depressão, por isso é possível que a inflamação que provoca a artrite reumatoide também provoque a depressão”, explica Lanzotti. A artrite  favorece o aparecimento de outras doenças autoimunes “As pessoas com artrite reumatoide apresentam fatores de risco genéticos que as tornam suscetíveis a diversas doenças autoimunes. Doenças autoimunes da tireoide e síndrome de Sjögren são particularmente mais comuns em pessoas com artrite reumatoide”, afirma o médico. Gravidez afeta os sintomas da artrite reumatoide Algumas doenças autoimunes, incluindo a artrite reumatoide e o lúpus, apresentam uma melhora de seus sintomas durante a gravidez. “A artrite, muitas vezes, entra em remissão durante a gravidez. Algumas estatísticas mostram que até 75% das mulheres com artrite reumatoide vai entrar em remissão a partir do segundo mês de gravidez. A gravidez pode fazer com que o sistema imunológico hiperativo se comporte de outra maneira, além de aumentar a produção de alguns hormônios que têm efeitos protetores durante a gestação”, explica o diretor do Iredo. A artrite pode aumentar o risco de ataque cardíaco “A artrite é um fator de risco independente para ataques cardíacos, mesmo quando o nível de colesterol do paciente é normal, a pressão arterial é baixa e o paciente não tem diabetes. Se a doença está ativa, o  risco de ataque cardíaco é triplicado. A inflamação sistêmica, que é uma característica da artrite reumatoide, é a provável culpada desse fato”, observa o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti. Artrite e diabetes: uma relação complicada

Doença autoimune: informações importantes

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Viver com uma doença crônica pode ser bastante difícil, viver com uma doença autoimune pode ser ainda mais desafiador para o paciente. “Ainda altamente incompreendidas pelos profissionais de saúde e pelos pacientes, as doenças autoimunes são caracterizadas por sintomas nebulosos que podem dificultar o diagnóstico preciso. Os tratamentos variam, e, em alguns casos, exigem mudanças de hábitos e de comportamento”, afirma o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Em um esforço para tornar a vida do portador de uma doença autoimune um pouco mais fácil, o médico lista, a seguir, sete importantes alertas sobre essas condições de saúde: 1. Doenças autoimunes provocam uma “guerra interna” no organismo do paciente. Todos nós temos um sistema imunológico, formado por células e órgãos que combatem os germes e “outros invasores”. “Em uma pessoa saudável, o corpo imediatamente entende a diferença entre as suas próprias células e as células estranhas, contra as quais é preciso lutar. Em pessoas com uma doença autoimune, o sistema imunitário falha e faz com que as células normais sejam atacadas. O resultado é um ataque equivocado ao próprio corpo, o que pode afetar qualquer órgão e função do corpo”, explica Lanzotti. 2. Existem mais de 80 tipos de doenças autoimunes. Dentre as mais conhecidas estão: artrite reumatoide, lúpus, doença celíaca, doença de Crohn, endometriose, síndrome de Guillain-Barre, narcolepsia e psoríase. 3. As doenças autoimunes são relativamente comuns. As estimativas americanas apontam que mais de 23 milhões de americanos são afetados por uma doença autoimune. Isso é aproximadamente o mesmo contingente de pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2. Mas a Associação Americana de Doenças Autoimunes (AARDA) estima que o número possa estar mais perto de 50 milhões de americanos. “Doenças autoimunes específicas, por outro lado, podem ser extremamente raras. Por exemplo, os tipos de vasculite, doença autoimune, podem afetar apenas 200.000 pessoas nos EUA, hoje”, diz o diretor do Iredo. 4. Elas podem ser genéticas. Há evidências que sugerem que os membros de uma mesma família são mais propensos a desenvolver as mesmas (ou similares) doenças autoimunes. “Mas somente os genes não explicam o quadro complexo dessas doenças. É provável que os fatores ambientais e mesmo as infecções desempenhem um papel no desencadeamento de uma doença autoimune numa pessoa com uma predisposição genética”, explica o reumatologista. 5. Doenças autoimunes não são alergias. Os sintomas de doenças autoimunes são, por vezes, confundidos com reações alérgicas. E, embora haja alguma evidência que liga uma predisposição genética para ambas as condições: alergias e doenças autoimunes, sugerindo ainda que as alergias podem provocar doenças autoimunes, as duas são condições totalmente diferentes. “A doença celíaca é um claro exemplo: uma pessoa com alergia ao trigo e uma pessoa com doença celíaca seriam tratadas de forma semelhante. Ambas irão remover o glúten de suas dietas. Mas, o corpo de uma pessoa com alergia ao trigo não está atacando o próprio organismo. Essa pessoa não apresenta risco de dano intestinal, deficiências nutricionais e outros riscos associados à doença celíaca, como alguns tipos de cânceres gastrointestinais”, diz o diretor do Iredo. 6. Pode-se levar anos de tentativa e erro para se chegar ao diagnóstico. Como muitas doenças autoimunes afetam vários órgãos, os sintomas podem ir e vir. Assim, essas condições podem ser de difícil diagnóstico, mesmo para especialistas em reconhecê-las e tratá-las. “Na maioria dos casos, não há um único teste ou exame que o médico possa solicitar para confirmar um diagnóstico. É preciso realizar vários exames, sugerir um diagnóstico e excluir outros. Não é incomum para alguém com uma doença autoimune receber outro diagnóstico, em primeiro lugar, ou ser informado de que seus sintomas são apenas devido ao estresse”, observa Sergio Lanzotti. 7. Síndrome da fadiga crônica e fibromialgia não são doenças autoimunes.  Ambas as condições são frequentemente classificadas como tal, uma vez que partilham muitos sintomas comuns com as doenças autoimunes, mas tecnicamente essas condições não são doenças autoimunes. “Assim como as doenças autoimunes, a fibromialgia e a síndrome da fadiga crônica podem ser ainda menos compreendidas pelos médicos. No entanto, pessoas com fibromialgia e com fadiga crônica podem apresentar também doenças autoimunes associadas”, diz o reumatologista. [/et_pb_text][/et_pb_column] [/et_pb_row] [/et_pb_section]