Síndrome de Sjogren e Venus Williams

Síndrome de Sjögren

Antes do ocorrido com a famosa tenista, muitas pessoas provavelmente nunca tinham ouvido falar da Síndrome de Sjogren (SS), uma das doenças autoimunes mais prevalentes. Mas o recente anúncio, feito por Venus Williams, que ela estava sofrendo de fadiga e de outros sintomas relacionados com a doença chamou a atenção do público para uma condição preocupante. Cerca de nove mulheres são acometidas para cada homem, por este motivo, disfunções hormonais parecem fazer parte da fisiopatologia no desenvolvimento da SS, principalmente as deficiências de andrógenos, estrógeno e de progesterona. Embora a maioria das mulheres diagnosticadas costuma estar na menopausa ou com mais idade, a doença pode ocorrer também em crianças e adolescentes. Mulheres jovens com a Síndrome de Sjögren podem apresentar complicações na gravidez. “A doença geralmente começa como uma sensação de desconforto nos olhos e na boca. Os pacientes dizem que seus olhos estão secos e vermelhos, mesmo usando colírio. Muitas vezes, relatam também que a boca está muito seca e os alimentos estão se tornando insípidos. Em alguns, aparecem gânglios inchados no pescoço, fazendo com que pareça que eles têm caxumba”, informa o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, diretor do Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares. Os sintomas descritos são os principais sinais clínicos da Síndrome de Sjogren, uma doença misteriosa, causada por uma superprodução de linfócitos B, células do sistema imunológico. “Mas há também pessoas que relatam dificuldades para transpirar porque suas glândulas sudoríparas estão obstruídas e dificuldades para digerir os alimentos. Muitas mulheres declaram sentir dor durante a relação sexual, porque não produzem mais líquidos para lubrificação da vagina”, conta o médico. Quando Venus Williams afirmou que a doença a faz se sentir muito cansada, ela estava certa. Pacientes com a Síndrome de Sjogren, assim como aqueles com artrite reumatoide e lúpus, apresentam um cansaço crônico e não há maneira de aliviar essa sensação. “Algumas pesquisas neste sentido já foram feitas com pacientes com lúpus. Os estudiosos procuraram medir a quantidade de oxigênio que estes pacientes consomem quando se exercitam e descobriram que eles usam muito mais oxigênio do que pessoas saudáveis, embora ninguém consiga explicar ainda porque isto acontece”, diz o diretor do Iredo. Um tratamento difícil… A prednisona, que é um corticoide sintético, geralmente é o remédio mais empregado no tratamento. A medicação suprime o sistema imunológico e pode oferecer alívio a curto prazo ou imediato dos sintomas. “Pessoas que estão desfiguradas por glândulas inchadas no pescoço podem parecer perfeitamente normal dentro de 24 horas. A droga, no entanto, não pode ser tomada por longos períodos, porque tem efeitos colaterais graves, como osteoporose, catarata, inchaço facial, ganho de peso, perda de massa muscular, aterosclerose precoce e diabetes”, explica o reumatologista. Outra alternativa terapêutica para estes pacientes é o emprego de drogas anti-malária com quinino. “Não compreendemos completamente por que esta droga diminui os sintomas da doença. Seus efeitos foram descobertos por acidente, quando o exército tomou o medicamento para evitar a malária e alguns soldados que tinham artrite reumatoide ou lúpus notaram que os seus sintomas foram aliviados. Esta medicação também oferece riscos, ela pode danificar a retina ao longo do tempo e seus efeitos são irreversíveis: o resultado final é a perda da visão”, explica Lanzotti. Como podemos ver, a medicina ainda tateia no tratamento da doença e fica alternando drogas que suprimem o sistema imunológico. “A perspectiva de longo prazo para pacientes com a Síndrome de Sjogren não é boa. Estes pacientes apresentam maior risco de linfomas e câncer de células B. Também correm mais risco de sofrerem com doenças renais que podem destruir a função dos órgãos, levando estes pacientes à diálise. Os olhos secos e a boca seca são sintomas que tendem a piorar. Os olhos secos, depois de um tempo, não respondem mais ao uso de colírios. A boca seca pode levar à cáries e à deterioração dos tecidos da boca, o que pode tornar difícil o ato de comer”, avisa o reumatologista. Amenizando os desconfortos A Síndrome de Sjögren não representa risco iminente de vida, mas certamente provoca profundas alterações na vida do paciente. Com uma conduta terapêutica apropriada, a qualidade de vida pode ser melhorada. Como a doença não tem cura, o diagnóstico e a intervenção precoces podem afetar o curso da doença. “Devido a variedade de sintomas, após o diagnóstico, além do acompanhamento reumatológico, o paciente precisa ser acompanhado também por outros especialistas, como oftalmologistas, otorrinolaringologistas, dentistas, dentre outros. É importante para a sua qualidade de vida que o paciente seja atendido por uma equipe multidisciplinar”, diz Sérgio Bontempi Lanzotti. Veja a seguir, dicas gerais, fornecidas pelo diretor do Iredo, visando assegurar qualidade de vida aos portadores da doença: • Se você usa lágrimas artificiais mais de 4 vezes ao dia, prefira as formulações sem conservantes; • Para dormir, faça uso de pomada lubrificante de vaselina oftálmica sem conservante para aliviar a secura dos olhos por tempo mais prolongado; • Quando dormir em ambiente de ar condicionado ou ventilador, coloque a máscara sobre os olhos para protegê-los; • Beba água com frequência para manter sua boca úmida; • Mantenha uma boa higiene oral, usando fio dental e escovando os dentes regularmente; • Restrinja o uso de açúcar para evitar a decomposição rápida dos dentes; • Visite regularmente seu dentista; • Evite bebidas alcoólicas e as que contenham cafeína, pois elas aumentam a secura da boca; • Use umidificador ou vaporizador para manter um nível confortável de umidade do ar no ambiente; • Evite correntes de ar oriundas de aparelhos de ar condicionado, leques, ventiladores ou aparelho de calefação; • Caso necessite fazer uso de nebulização, não esqueça de proteger os olhos com compressas de água boricada ou com óculos de natação, evitando desta forma que o vapor resseque os olhos; • Proteja os olhos, evitando exposição ao vento e ao sol com protetores adequados; • Use loções hidratantes na sua pele e soluções salinas no nariz.  

Artrite reumatoide x exercícios físicos

artrite

Pessoas que são fisicamente ativas são mais saudáveis, mais felizes e vivem mais do que aquelas que são sedentárias. “E isso é especialmente verdade para as pessoas com artrite, apesar da doença ser apontada como a causa mais comum para a inatividade e a ausência de atividades recreativas”, diz o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Pacientes com artrite costumam evitar os exercícios físicos por uma série de razões. “Alguns pacientes evitam as atividades físicas devido ao medo da dor articular ou de ferimentos; outros evitam os exercícios pelas mesmas razões dos que não têm artrite: relutância em mudar o estilo de vida”, explica o médico. O sedentarismo, além de agravar os problemas relacionados com a artrite, pode resultar em uma série de outros riscos à saúde, incluindo o diabetes tipo II e as doenças cardiovasculares. “A diminuição da tolerância à dor, a fraqueza muscular, a rigidez articular e a falta de equilíbrio, comum a muitas formas de artrite, podem ser agravadas pela falta de exercícios físicos”, destaca Sérgio Lanzotti. nächster Para as pessoas com artrite, o exercício é parte importante do tratamento, uma vez que, juntamente com a manutenção do peso saudável, a prática pode ajudar a aliviar as dores da doença reumática. “Não é necessário treinar como um triatleta para experimentar os benefícios do exercício físico. Iniciar os exercícios lentamente, com intensidade reduzida, irá permitir que o paciente adote com mais facilidade um plano de exercícios bem-sucedido, que irá beneficiar a sua artrite e a sua saúde geral”, observa o diretor do Iredo. Benefícios para o paciente reumático Cada tipo de exercício tem um efeito positivo na redução da dor associada à artrite e às outras doenças reumáticas. Conheça alguns destes benefícios: · Mais flexibilidade: os exercícios ajudam a manter ou a melhorar a flexibilidade das articulações e dos músculos adjacentes afetados pela doença. Os benefícios incluem uma melhor postura, redução do risco de lesões e melhora da função. Exercícios de flexibilidade devem ser realizados de cinco a 10 vezes por dia, enquanto os exercícios de alongamento devem ser realizados, pelo menos, três dias por semana; · Reforço da musculatura: os exercícios de fortalecimento são projetados para trabalhar os músculos. Músculos fortes melhoram sua função e ajudam a reduzir a perda óssea relacionada à inatividade. Para as pessoas com artrite, um conjunto de exercícios para os principais grupos musculares é recomendável pelo menos 2-3 vezes por semana. “A resistência ou o peso deve desafiar os músculos, sem aumentar a dor nas articulações”, observa o reumatologista; · Melhora da capacidade aeróbica: exercícios aeróbicos incluem atividades que usam os grandes músculos do corpo de uma maneira repetitiva e rítmica. O exercício aeróbico fortalece o coração e o pulmão. Para as pessoas com artrite, este tipo de exercício agrega outros benefícios, tais como controle de peso, melhora do humor, do sono e da saúde em geral. Formas seguras de realizar exercícios aeróbicos incluem caminhada, dança aeróbica, hidroginástica, ciclismo ou exercícios em equipamentos como bicicletas ergométricas e esteiras. “As recomendações atuais para atividade aeróbica são 150 minutos de exercícios de intensidade moderada por semana, de preferência, distribuídos por vários dias na semana”, orienta Sérgio Lanzotti; · Consciência corporal: exercícios de consciência corporal abrangem atividades para melhorar a postura, o equilíbrio, o senso de posição articular, a coordenação e o relaxamento. “Tai chi e yoga são exemplos de exercícios recreativos que incorporam elementos da consciência corporal e podem ser muito úteis para pacientes artríticos”, diz o médico. FONTE: IAOL

Febre reumática pode causar problemas cardíacos

febre reumática

A febre reumática é uma doença autoimune que provoca dores nas articulações e destruição das válvulas do coração. Ela atinge principalmente crianças e adolescentes, entre 5 e 18 anos de idade. A doença dá seus primeiros sinais com o surgimento de uma infecção na garganta, causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. Se a infecção não é tratada apropriadamente, entre 1% e 5% das crianças adquirem dores nas articulações. Dessas, entre 30% e 40% vão desenvolver problemas cardíacos, no futuro. “Ainda não se sabemos exatamente porque apenas algumas pessoas desenvolvem essa complicação, mas sabemos que as que desenvolvem os problemas cardíacos já nascem com uma predisposição genética para a doença. Mas é possível também que fatores ambientais estejam envolvidos na patogenia da doença”, afirma o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). Muitos sintomas… A febre reumática é uma doença que apresenta muitos sintomas: · Artrite migratória; · Sopro cardíaco, quando há comprometimento das válvulas do coração; · Cardite, inflamação no músculo do coração; · Coréia, movimentos descoordenados dos membros em conseqüência de inflamação no cérebro; · Eritema marginado, manchas avermelhadas na pele; · Nódulos subcutâneos; · Febre baixa (37,5º C); · Prostração; · Inapetência; · Falta de ar. Para ter certeza sobre o diagnóstico da doença, o reumatologista baseia-se na história da doença relatada pelos pais, nas alterações encontradas no exame físico e nos resultados de alguns exames. Este conjunto de dados – Critérios de Jones – é importantíssimo para o diagnóstico. “Exames de sangue, de cultura de material da orofaringe e a pesquisa de anticorpos para identificar a presença do Streptococcus pyogenes são úteis para confirmar o diagnóstico, com base na avaliação clínica. Na hipótese de comprometimento das válvulas do coração, eletrocardiograma, ecocardiograma e raios-x de tórax são exames recomendados também”, explica o reumatologista. Importância do tratamento apropriado “A febre reumática é um problema relevante de saúde pública, especialmente nos países pobres, nos quais se estima que a febre reumática seja responsável por cerca de 60% de todas as doenças cardiovasculares em crianças e adultos jovens”, destaca Sérgio Lanzotti. Apesar do declínio global da incidência de febre reumática experimentado na segunda metade do século XX, nas últimas duas décadas nota-se o aumento progressivo do número de casos agudos da doença, associados a formas agressivas e invasivas de infecções estreptocócicas. Todos os anos, 616 milhões de pessoas são infectadas pela bactéria e cerca de 15,6 milhões desenvolvem a doença, informa uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2005. No mesmo ano, a doença matou 283 mil crianças e adolescentes. No Brasil, o Ministério da Saúde identificou 10 milhões de infecções e 15 mil novos casos de doença cardíaca por ano. “Por isto, uma vez confirmado o diagnóstico de febre reumática é necessário que seja feita uma dose de penicilina benzatina (600.000 a 1200.000 unidades) intramuscular para erradicar o Streptococcus pyogenes do organismo. Além da prescrição do medicamento é preciso tratar a artrite, a cardite ou a coreia com os medicamentos adequados para cada situação”, explica o diretor do Iredo. Após esta primeira etapa, inicia-se a profilaxia secundária da doença, com a aplicação de penicilina benzatina a cada 21 dias, para evitar que a criança, quando em contato novamente com a bactéria, venha a apresentar uma recaída. “Para a criança que apresenta febre reumática, a falha ou a interrupção da medicação, a cada 21 dias, pode trazer consequências graves, pois se ela entrar em contato com outra criança ou adulto com infecção de orofaringe, ela não somente será reinfectada, como poderá desenvolver novamente as complicações da febre reumática, sendo a recorrência de cardite cada vez mais grave, exigindo tratamentos mais rigorosos, inclusive cirurgia cardíaca”, explica o médico. O tempo de tratamento da doença será determinado pelo reumatologista, que levará em conta se houve acometimento do coração ou não. “Nos casos em que só há artrite, a medicação poderá ser usada até 18 anos ou até 5 anos, após o diagnóstico da doença, se a criança tiver mais de 13 anos. Se tiver ocorrido cardite, a medicação deverá ser para toda a vida”, observa Lanzotti. Medidas preventivas Como não podemos saber quem tem predisposição para desenvolver as complicações da infecção de orofaringe por esta bactéria, a recomendação é que em qualquer infecção de garganta em crianças e adolescentes, o médico seja consultado para avaliar a necessidade ou não de tratamento com antibióticos. Só o médico saberá diferenciar cada situação. “Já para a criança que tem o diagnóstico de febre reumática confirmado, a única maneira de evitar complicações mais graves no coração é não deixar de tomar as injeções de penicilina nas datas certas”, alerta o reumatologista. Pesquisa no Brasil avança Os primeiros testes em humanos de uma vacina brasileira contra a bactéria precursora da febre reumática poderão ser realizados em 2011. No Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, testes com camundongos mostraram que a vacina imunizou de 80% a 100% dos animais. Para que a expectativa se concretize no ano que vem, os cientistas precisam preparar a documentação a ser submetida à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e esperar a resposta do órgão. FONTE: DOURADOS AGORA

Fibromialgia: uma dor que não passa!

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Dor nos ombros, nos braços, nas costas, nas pernas, na cabeça, nos pés. Quem tem fibromialgia conhece bem o corpo, pois todo ele reclama… Antigamente, as pessoas que apresentavam este quadro clínico sofriam duplamente, pois a doença demorou a ser reconhecida como um mal físico. “A fibromialgia já foi confundida com depressão e estresse. Por falta de informação — e diagnóstico —, os pacientes ainda tinham que sofrer na alma o transtorno que a dor já impingia ao corpo”, explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares. A fibromialgia é classificada como uma síndrome porque se caracteriza por um conjunto de sintomas. “O que está presente em todos os quadros é a dor difusa pelo corpo inteiro, presente na maior parte do dia”, diz Sérgio Lanzotti. Em geral, a dor vem acompanhada de algumas outras manifestações como formigamento, irritabilidade, enxaqueca, cólon irritável, pernas inquietas e distúrbios do sono. “Os pacientes que apresentam fibromialgia geralmente dormem mal, têm sono leve, entrecortado, não reparador. Ao despertar, a pessoa fica com a sensação que não descansou”, explica o especialista em Reumatologia. É comum ainda que os fibromiálgicos apresentem alterações de humor, com quadros de depressão ou de ansiedade. De acordo com pesquisas, 25% dos portadores apresentam sintomas de depressão junto com dores difusas, enquanto 50% relatam aos médicos que já tiveram crises depressivas, antes de surgir o quadro doloroso. Com o avanço dos estudos e pesquisas sobre a doença, as evidências comprovam que a fibromialgia é uma doença física, sim. Não se trata de uma síndrome invisível. Há trabalhos científicos mostrando que o portador apresenta alterações na anatomia cerebral. Um desses estudos foi apresentado no final de 2008, na França. Graças a um exame por imagem chamado Spect – tomografia computadorizada por emissão de fóton -, os médicos do Centro Hospitalar Universitário de La Timone, em Marselha, constataram que no cérebro de 20 mulheres com esse tipo de hipersensibilidade havia um fluxo maior de sangue em regiões que identificam a dor. Paralelamente, notaram uma queda de circulação na área destinada a controlar os estímulos dolorosos. Nas dez voluntárias saudáveis que participaram da pesquisa, nenhuma alteração foi detectada. Este trabalho soma-se a outros dados consagrados sobre a presença do distúrbio, como o aumento dos níveis de substância P, o neurotransmissor que dispara o alarme dolorido e a menor disponibilidade de serotonina, molécula que avisa ao sistema nervoso que a causa da dor já passou. Confirmada que a fibromialgia está longe de ser uma doença psíquica, a pergunta que ainda não foi respondida é por que a doença surge. “Quando soubermos a sua origem, conseguiremos acabar com a causa e encontrar a cura”, diz o médico. Por enquanto, o que se conhece são os gatilhos do terrível incômodo — fatores que desencadeiam a crise, como o estresse pós-traumático —, além dos meios de minimizar o quadro e devolver qualidade de vida aos pacientes. Para diagnosticar a doença Para diagnosticar adequadamente a fibromialgia é preciso estar atento aos seus vários sintomas. “O diagnóstico da doença é clínico, pois os exames complementares, na maioria das vezes, são absolutamente normais. É preciso basear-se na presença do quadro característico de dor e no reconhecimento de pontos pré-definidos que sejam dolorosos à pressão dos dedos do especialista”, explica Sérgio Lanzotti. Para estabelecer o diagnóstico definitivo é preciso conhecer em detalhes a história do paciente, escutar suas queixas e procurar fatores emocionais ou quadros de depressão ou ansiedade. “Embora não sejam as causas diretas, as condições emocionais estão intimamente ligadas à enfermidade”, destaca o médico. Tratamento melhora a qualidade de vida Não existe uma terapêutica única para livrar o paciente de uma vez por todas das dores no corpo, problemas de sono, irritabilidade ou depressão associados. Mas a intensidade dolorosa poderá diminuir. Com a evolução do tratamento, a qualidade de vida pode melhorar. “O tratamento da fibromialgia precisa ser individualizado. Se houver alguma doença associada, ela deverá ser tratada para eliminar mais essa causa de sofrimento. E assim se procede com cada uma das doenças associadas. Procuramos equilibrar este paciente, sugerindo alterações no seu estilo de vida. Por exemplo, aconselhamos o paciente a não ficar parado. Atividades físicas aeróbicas e de baixo impacto, como uma caminhada; e/ou um trabalho de musculação bem dosado são benéficos, pois aumentam os níveis de endorfinas, melhoram o bem-estar e ajudam no relaxamento”, informa Lanzotti. O médico destaca que, em alguns casos, juntamente com os exercícios, é necessário empregar medicamentos para manter a dor sob controle. “São prescritos medicamentos que atuam sobre os níveis de serotonina, melhorando o processo de inibição da dor e as mudanças de humor”, explica. Os medicamentos utilizados no tratamento da fibromialgia abrangem desde analgésicos até anti-convulsivantes estabilizadores do Sistema Nervoso Central. “Dentre os tratamentos que estão sendo pesquisados para alívio das dores, destacamos a estimulação magnética transcraniana, que consiste na aplicação diária de ondas elétricas em um local específico do crânio. O tratamento ainda é experimental, encontra-se em avaliação, tanto no Brasil, como em centros especializados do mundo, como o Centro de Neurociência da Universidade de Harvard, Boston, nos Estados Unidos”, informa Lanzotti. Já as drogas como os opioides, com exceção do tramadol, não são muito eficazes no tratamento de pessoas fibromiálgicas. “O consenso é que no rol de cuidados não podem faltar remédios, atividade física aeróbica e uma boa alimentação. Um exemplo: caminhar de três a quatro vezes por semana, durante 30 minutos, libera substâncias prazerosas como as endorfinas e relaxa a musculatura. Alguns portadores de fibromialgia que seguem esse receituário chegam até a dispensar a medicação”, diz o reumatologista. Por fim, Sérgio Lanzotti destaca que durante o tratamento, é preciso “ensinar ao paciente algumas artimanhas para evitar os fatores estressantes, que são gatilhos para a dor. Técnicas de respiração e de relaxamento podem ser caminhos para o alívio do sofrimento também”, defende. FONTE: AS MAIS MAIS